quinta-feira, 21 de abril de 2011

Triste e solitário

Hoje, ao vir de autocarro para casa, sentou-se à minha frente um homem que já tinha alguma idade. Cabelo branco, calças até ao umbigo, relógio de bolso daqueles de à 50 anos atrás. Levava um saco da loja das sopas, com uma tijela lá dentro. Ao ver seus olhos , sua expressão notei uma tristeza enorme estampada. Dei por mim a pensar que ele devia ser uma pessoa sozinha, triste e solitária, que não devia de ter ninguém à espera dele em casa, que por ter aquele vazio enorme no olhar, provavelmente nunca tinha sentido o que era amar e ser amado. Enfim, fiz uma pequena novela na minha cabeça. Não pude deixar de sentir pena do homem.
No entanto, dei por mim a sorrir por dentro, pois pensei que era mais sortudo do que ele, que não tinha esse vazio no olhar, que já soube o que é amar e sei o que é ser amado. No segundo a seguir senti-me mal comigo próprio!! Como era possível que a solidão de outra pessoa fosse motivo para eu ficar feliz de alguma forma?? Sei lá eu o que aquele homem passou para ter aquele olhar, quais as partidas e obstáculos que o destino lhe colocou à frente!!
Raras são as vezes em que me sinto mal comigo próprio, mas hoje foi uma delas. A única conclusão que tiro disto é que este pequeno episódio do meu quotidiano serviu para me mostrar (embora não precisasse) que ainda tenho muito que aprender na vida........ e ainda bem que assim o é!
Espero apenas que um dia, daqui a muitos anos, ao olhar para o espelho, não veja nos meus olhos o mesmo vazio de emoções que vi nos olhos do idoso.

Sem comentários:

Enviar um comentário